A composição deve ser apresentada oficialmente em julho. “Nós estamos dando uma demonstração muito forte ao Brasil”, disse Lula em discurso
A direção nacional do PSB apresentou formalmente nesta sexta-feira, 8, ao PT, durante reunião em São Paulo, a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) para compor, como vice, a chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa à Presidência. Na próxima semana, o diretório nacional do PT sinaliza se aceitará o nome do ex-tucano. A composição deve ser apresentada oficialmente em julho, quando ocorrem as convenções partidárias. “Nós estamos dando uma demonstração muito forte ao Brasil”, disse Lula em discurso.
Até meados do ano passado, Alckmin se colocava como pré-candidato ao governo de São Paulo. Foi nesse contexto que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), também um nome da disputa estadual, abriu diálogo com o ex-governador. À época, já era certo que Alckmin deixaria o PSDB – em virtude de desavenças com João Doria, principalmente -, e a intenção de Haddad era convencê-lo a apoiar Lula já no primeiro turno, ainda no palanque estadual.
As conversas entre o ex-prefeito e o então tucano começaram no início de 2021. Em outubro, quando Alckmin ainda cumpria agenda de pré-candidato, Haddad afirmou a repórteres, após um evento em São Paulo, que os partidos políticos não podiam “cometer o mesmo erro” de 2018, ano em que, segundo ele, faltou união entre as legendas para derrotar Jair Bolsonaro. Na ocasião, o petista defendeu a formação de alianças de primeiro turno. Havia sido noticiado na imprensa que, dias antes, ele e o ex-governador haviam se encontrado para um jantar.
No fim do ano passado, rumores sobre Alckmin assumir a vice na chapa de Lula começaram a ganhar corpo. Quando foi questionado sobre o assunto pela primeira vez, o ex-governador não descartou que poderia ocorrer. Disse que ficaria “honrado” pela possibilidade. O ex-presidente Lula, por sua vez, também começou a dar sinais fortes de que a aliança poderia se concretizar. O líder petista chegou a dizer que queria montar uma chapa forte “para vencer no primeiro turno”.
Havia, contudo, um empecilho: Alckmin não tinha partido definido. Após se desfiliar do PSDB – e mesmo antes, quando somente havia manifestado a intenção -, o ex-tucano passou a contar com uma carta de opções para seu futuro político. Foi cortejado pelo PSD, União Brasil, PV e Solidariedade, ao mesmo tempo em que havia um esforço para aproximá-lo do PSB, partido de seu amigo e possível vice de sua chapa para São Paulo, Márcio França.
As negociações com o PSB enfrentaram percalços antes de se concretizar a filiação. Embora nunca tenha negado que apoiaria Lula no plano nacional, a legenda divergiu do PT em palanques estaduais quando ambas tentavam uma federação, o que poderia ter abalado, de alguma forma, o acordo.
Ao mesmo tempo, a aliança encontrava resistência de uma ala do partido dos trabalhadores que rejeitava o passado político de Alckmin. A deputada Natália Bonavides (PT-RN) chegou a chamá-lo de “golpista” e classificou o certame como uma “piada de mau gosto”. Aliado do PT, Guilherme Boulos também desaprovava o casamento.
Em 19 de dezembro, Lula e Alckmin estiveram em um jantar organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas, em São Paulo, e posaram juntos para foto.
Por fim, Alckmin se filiou ao PSB no dia 23 de março. Após anos de divergências e críticas públicas, o ex-governador afirmou, em seu evento de filiação, que “Lula é a esperança” do País.
Estadão Conteúdo