Presidente do TSE mandou retirar posts nas redes sociais de Lula, Janja e Gleisi Hoffmann
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), concedeu liminar à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e proibiu a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados de publicarem cortes de vídeo em que Bolsonaro narra encontro com adolescentes venezuelanas e diz que “pintou um clima” em 2021, no Distrito Federal.
“As plataformas digitais TikTok, Instagram, LinkedIn, YouTube, Facebook, Telegram e Kway, bem como os representados, removam imediatamente o conteúdo objeto desta ação, sob pena de multa diária de R$100.000,00 (cem mil reais) – a contar de 2 horas da ciência dessa decisão”, diz o texto do ministro.
A decisão de Moraes determina que o material não seja usado pela campanha de Lula, também sob pena de multa.
No pedido enviado ao TSE, a campanha de Bolsonaro afirma que a campanha de Lula e a deputada Gleisi Hoffman, presidente do PT, compartilharam conteúdo em que a fala de Bolsonaro foi tirada de contexto com o objetivo de associá-lo à pedofilia.
“A divulgação de fato sabidamente inverídico, com grave descontextualização e aparente finalidade de vincular a figura do candidato ao cometimento de crime sexual, parece suficiente a configurar propaganda eleitoral negativa”, diz a decisão.
“Pintou um clima”
Bolsonaro é alvo de críticas desde sábado (15) e associado à pedofilia, assunto que esteve entre os mais comentados nos tópicos de política no Twitter, depois das falas na entrevista de sexta-feira (14) ao canal Paparazzo Rubro-Negro, no YouTube.
No programa, Bolsonaro disse: “Eu parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, 3, 4, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas em um sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”.
Uma das venezuelanas visitadas por Bolsonaro em São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal, em 2021, rechaçou a fala do presidente sobre ter encontrado adolescentes vindas da Venezuela “arrumadas para ganhar a vida”, insinuando prostituição infantil.
Segundo a mulher, que pediu para ter seu nome preservado por medo de retaliação, entre as adolescentes na casa no dia da visita estavam sua filha e sua sobrinha. Acontecia, de acordo com ela, uma ação social para refugiados. Uma brasileira, que fazia curso de estética, havia ido ao local para praticar o que estava aprendendo, como corte de cabelo e design de sobrancelha.