Manutenção do FCDF deve ser definida, hoje (4/7), em votação no plenário da Câmara dos Deputados. Parlamentares votarão alterações aprovadas no Senado dentro do projeto que institui o arcabouço fiscal
Quarenta e um dias se passaram desde a aprovação do texto-base do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados. Na primeira versão do projeto, o relator Cláudio Cajado inseriu o Fundo Constitucional do DF no teto de gastos, alterando a forma de cálculo e congelando parte dos recursos do fundo. A manobra pegou o Distrito Federal de surpresa e mobilizou políticos de diferentes partidos e vertentes ideológicas para salvar o recurso. No Senado, o relator Omar Aziz (PSD-AM) retirou o FCDF do teto e as alterações foram aprovadas pelos senadores por 57 votos a favor e 17 contra. Agora, a Câmara precisa analisar os pontos alterados pelo Senado. Nesta fase da tramitação, a Casa analisará apenas os dispositivos alterados pelo Senado. Depois disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dará a palavra final e terá 15 dias úteis, a partir do recebimento do projeto pelo Palácio do Planalto, para sancionar ou vetar — parcial ou integralmente — a matéria.
Posicionamentos
O foco dos representantes do GDF nos bastidores tem sido sensibilizar o Partido Progressistas (PP). O partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do relator, deputado Cláudio Cajado, votou contra as alterações feitas por Omar Aziz no Senado Federal, portanto, votou contra o Fundo Constitucional no DF. Cajado, por sua vez, foi quem sugeriu as mudanças no FCDF, reduzindo o valor do recurso. Arthur Lira chegou a questionar os cálculos feitos para projetar as perdas do fundo, caso este fosse incluído no teto de gastos. A vice-governadora Celina Leão, que também faz parte da legenda, tem feito um grande esforço para sensibilizar os colegas de partido da importância da manutenção do FCDF.
O Partido Social Democrático (PSD), que conta com 43 parlamentares na Câmara, manifestou posicionamento favorável à preservação do Fundo Constitucional. De acordo com o presidente regional da legenda, Paulo Octavio, o líder do PSD na Casa, deputado Antônio Brito (BA), garantiu que a orientação à bancada será no sentido de votar a favor das alterações feitas pelo senador Omar Aziz — também do PSD. “Nosso trabalho no Senado foi feito. Na Câmara, o líder Antônio Brito garantiu que a bancada vai votar a favor do Fundo Constitucional”, declarou Paulo Octavio, que participou desde o início das tratativas referentes à preservação do FCDF.
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de Ibaneis Rocha, fechou questão e a orientação do líder Isnaldo Bulhões (AL) é pela aprovação das alterações feitas no Senado, isto é, pela retirada do Fundo Constitucional do DF do teto de gastos. A legenda também conta com 43 deputados na Câmara.
Relatório
No Senado, o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), orientou votação favorável ao relatório do senador Omar Aziz, que retirou o FCDF do teto de gastos. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), entretanto, chegou a questionar as possíveis perdas no Fundo Constitucional do DF. “Quando votamos, foram ditos vários déficits: R$ 1 bilhão, R$ 20 bilhões, R$ 70 bilhões, etc. Há controvérsias sobre o modelo de reajuste desse repasse e vamos discutir isso com a maior tranquilidade”, pontuou. “Só que não vamos fazer nada que comprometa o esforço que o governo está fazendo para estabilizar o país, fiscal e financeiramente, equilibrando as receitas e as despesas”, ressaltou o líder.
No projeto original do governo federal enviado ao Congresso não continha qualquer alteração nos recursos do Fundo Constitucional do DF. Economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli classifica a possível redução do FCDF como “subversão da legislação”. “O Fundo Constitucional representa quase 40% do total do orçamento do GDF. O recurso é fundamental, essencial para Brasília. É inadmissível pensar em reduzir este recurso. O deputado Cajado desconhece a realidade da capital. O posicionamento dele revela total desconhecimento das necessidades de Brasília. Não dá para retirar recursos da segurança pública, área que é 100% financiada pelo Fundo Constitucional. Na saúde e educação, a maior parte das despesas são de custeio e pessoal. Pensar em redução seria subverter a própria legislação existente. Suprimir valores do porte do orçamento do DF é também criar um problema institucional”, analisou o especialista.
O economista Fernando Rodrigues reforça a necessidade de manutenção do Fundo Constitucional do DF como está. “Preservar o FCDF é uma necessidade da cidade. Podemos ter prejuízos nos próximos 10 anos de grandes cifras para a cidade. O que percebemos é que vai ser uma batalha dura manter esse texto e contar com apoio do governo federal para aprovar a continuidade desse direito para Brasília. É necessário união da bancada do DF, boas articulações do GDF com as bancadas, os parlamentares, os partidos e o presidente da Câmara. Manter o FCDF fora do teto de gastos é uma segurança para Brasília e para a gestão financeira do DF, finaliza o profissional.
(crédito: Lula Marques/Agência Brasil)
Fonte:correiobraziliense