Procedimento desvia alimento do estômago direto para o final do intestino, auxiliando a produção de insulina
Por Redação
Neste ano, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) comemora cinco anos desde a realização da primeira cirurgia para combater a diabetes tipo 2. Desde 2019, o hospital tem executado o procedimento conhecido como “bypass gástrico”, que auxilia na produção de uma enzima crucial para o controle do açúcar no sangue.
O procedimento, considerado minimamente invasivo, desvia o alimento do estômago diretamente para o final do intestino, onde é produzida uma substância que estimula o pâncreas a produzir insulina de forma mais eficiente. Como resultado, os níveis de glicose no organismo são significativamente reduzidos.
A diabetes tipo 2 ocorre quando o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente para manter as taxas de glicose em níveis normais. Esta condição é frequentemente associada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.
Experiência dos Pacientes
Para Silma Solange Silva, de 50 anos, que foi operada em agosto de 2023, a cirurgia foi uma transformação completa em sua vida. Em 2019, os níveis de glicose de Silma caíram drasticamente, resultando em uma internação prolongada e um coma induzido. Após sua recuperação, ela entrou na fila para o procedimento. “A parte mais difícil foi o peso, porque eu estava com 93 kg e precisava estar com pelo menos 90 kg. A recuperação foi tranquila, e eu visitava o médico, o nutricionista e o endocrinologista semanalmente. A equipe foi muito atenciosa”, relata.
Silma destaca que a cirurgia não só melhorou sua saúde física, mas também sua saúde mental e autoestima. “A cirurgia mudou muito minha vida, porque eu tinha que viver tomando medicamentos, sentia muito mal-estar e tinha muitas restrições. Hoje, sou super realizada. Espero que mais pessoas busquem essa cirurgia, porque traz novas perspectivas”, acrescentou.
Benefícios do Procedimento
Entre as vantagens do bypass gástrico estão a perda de peso sustentável, desde que o paciente mantenha hábitos alimentares saudáveis e pratique atividades físicas regularmente. A nutricionista da equipe de cirurgia metabólica do Hran, Lilian Barros, explica que o preparo para o procedimento inclui a orientação nutricional para adequação do peso e controle glicêmico.
“A recuperação pós-operatória é rápida – a alta hospitalar ocorre 48 horas após a cirurgia e, em 15 dias, é permitido o retorno às atividades habituais – mas o acompanhamento é constante. O paciente é acompanhado semanalmente pela equipe no primeiro mês e a periodicidade das consultas aumenta gradativamente. É fundamental que o paciente mantenha esse acompanhamento, siga a suplementação nutricional e adote um estilo de vida saudável”, reforçou Lilian.
Desafios e Superações
Para Tânia Maria dos Anjos, de 61 anos, que foi operada em 2020, seguir a dieta durante a recuperação foi um grande desafio, mas os resultados compensaram o esforço. “Mudou tudo. Minha saúde e qualidade de vida melhoraram. Não preciso mais usar insulina, nem me furar o tempo todo. Posso usar roupas que ficam bem em mim. Sou muito mais feliz e grata”, elogiou.
Indicações e Contraindicações
O procedimento é indicado para pacientes que receberam o diagnóstico de diabetes tipo 2 há menos de dez anos e que foram acompanhados por um endocrinologista durante dois anos, comprovando a resistência a outros tratamentos clínicos. Além disso, o paciente deve ter um IMC entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m² e idade entre 30 e 70 anos.
O procedimento é contraindicado para pacientes com histórico de abuso de álcool, dependência química, depressão grave, psicoses graves, transtornos alimentares como bulimia nervosa, doenças inflamatórias do trato digestivo, doenças neoplásicas malignas, diabetes autoimune (tipo 1 e LADA), doenças imunológicas que possam predispor a sangramentos digestivos ou outras condições de risco, e síndromes demenciais que comprometam a compreensão e adesão ao tratamento.
O sucesso do bypass gástrico no combate à diabetes tipo 2 ao longo desses cinco anos no Hran demonstra o potencial transformador da cirurgia metabólica na vida dos pacientes, proporcionando não apenas a melhora da saúde física, mas também um impacto positivo na qualidade de vida e bem-estar emocional.
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Da Redação do Agenda Capital