9 de dezembro de 2021

Nova variante preocupa usuários da Rodoviária do Plano Piloto

A cepa “ômicron” possui mais mutações do que as variantes anteriores do coronavírus. Aglomerações nos horários de pico podem auxiliar a transmissão

No último dia 2, foi confirmado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), a ocorrência de dois casos da nova variante da covid-19, denominada pelos cientistas de “ômicron”. Oriunda da África, a cepa preocupa os especialistas durante o período de retomada gradual da normalidade, já que alguns estudos atestam que a nova variação é mais transmissível do que as anteriores.

De acordo com o secretário da Saúde, General Pafiadache, os dois primeiros infectados pela “ômicron” confirmados no Distrito Federal vieram da África do Sul, principal foco da nova variante. No dia 2 de dezembro, havia 4,3 mil casos da nova versão da covid-19 no país, no dia 3, o número dobrou para 8,5 mil. De acordo com o secretário, outras 66 pessoas que estavam com o casal em um voo vindo de São Paulo para Brasília estão sendo monitorados.

No mesmo dia em que foram confirmados os primeiros casos da “ômicron” no Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu cancelar as festas de fim de ano que estavam programadas para acontecer no final deste mês de dezembro. Apesar de valorizar o grande avanço da campanha de vacinação, onde quase 70% dos brasilienses já completaram o esquema vacinal, o chefe do executivo local se preocupa com a chegada da nova variante.

Na Rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital federal, aglomerações durante os horários de pico preocupam os frequentadores do espaço. De acordo com o Governo do Distrito Federal, cerca de 800 mil pessoas circulam pelo local todos os dias. A maioria delas frequentam durante o horário de pico, para se locomover até os seus trabalhos.

Frequentadores temem variante

Um deles é Júlio Camargo, um funcionário de uma gráfica de 26 anos que todos os dias frequenta a Rodoviária do Plano Piloto para fazer o trajeto da sua casa no Paranoá, para o seu trabalho, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). De acordo com ele, os ônibus sempre estão lotados, tanto na ida quanto na volta, e no período de espera, muitas pessoas que não seguem as medidas sanitárias contra a doença tornam o seu cotidiano mais “desconfortável”. “Dá para contar nos dedos quem usa máscara por aqui. Até mesmo nos ônibus, já existem pessoas que ficam sem ela”.

No período chuvoso, as pessoas tendem a ficar comprimidas nos espaços cobertos da Rodoviária, e nos transportes coletivos, as janelas ficam fechadas, tornando a transmissão do vírus mais suscetível. Para Júlio, que diz já ter se infectado com o coronavírus em 2020, usar as máscaras e os vidros pessoais de álcool em gel não é suficiente para a sua proteção. “Eu sempre me cuidei muito e segui todas as medidas de segurança, mas, mesmo assim, peguei. Não dava para ficar fora do trabalho, e só o contato com esse tanto de gente na Rodoviária e nos ônibus pode tornar a gente vulnerável”, afirma

Na fila em que o funcionário gráfico estava esperando o ônibus para a volta até a sua casa no Paranoá, a manicure Fernanda da Silva, de 50 anos, também lembrou das grandes aglomerações de pessoas que é cotidiano dos horários de pico da Rodoviária. “O empurra-empurra nesse horário sempre existe, e ninguém usa máscara. As pessoas saem vendendo sem máscara e gritando perto da gente”, diz.

A manicure diz ver diariamente nos noticiários as informações sobre a variante “ômicron”, e teme que ela seja mais danosa à saúde quanto a primeira versão do vírus. Mãe de dois filhos que moram junto com ela em um pequeno apartamento, ela diz que sair de casa para ir ao Plano Piloto é um risco para a família. “É perigoso porque a gente não sabe o que tá levando até em casa. Lá na África do Sul tá todo mundo ficando doente, eu espero que isso não aconteça aqui, tem muita gente não vacinada”, conclui a moradora.

Infectologista alerta para conscientização da população

Para o infectologista e professor da Universidade de Brasília, Mauro Sanchez, os primeiros estudos indicam que a “ômicron” possui uma transmissibilidade elevada e, portanto, precisa de um . “Nesse sentido, qualquer aglomeração é um risco se as pessoas não estiverem usando máscara de forma adequada. Uma aglomeração sem as medidas de proteção gera um problema”, afirma.

De acordo com Sanchez, a Rodoviária do Plano Piloto conta com espaços fechados onde a ventilação não é a ideal para a segurança da população. “Se houvesse uma possibilidade de controle de entrada e saída, seria o ideal, mas não é o caso. Mas eu acho que um local pequeno como esse, com um grande volume de pessoas, é um risco. Mas só continua sendo um risco se as pessoas não se conscientizarem em usar de forma correta a máscara”, observa o especialista.

O especialista da Universidade de Brasília (UnB) acredita que campanhas educativas podem auxiliar a população que circula pela Rodoviária do Plano Piloto a se proteger de forma mais eficiente ao coronavírus e as suas variantes.

Outra decisão que é algo positivo para Mauro, foi o estabelecimento do ponto fixo de vacinação na Rodoviária do Plano Piloto que ficará aberto durantes os dias de semana entre 9h e 16h30 ao lado da administração do local. O posto improvisado oferecerá a todos os públicos vacinas contra a doença. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) informa que ainda não é possível receber a aplicação das doses da Pfizer-BionTech, devido à falta temporária de uma estrutura para o manuseamento dessas unidades.

Fonte:jornaldebrasilia

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