Atividade faz parte da capacitação na Rota da Fruticultura, que planeja incrementar a produção local de frutíferas
A produtora Aida Kanako Ashiuchi Cardoso, que vive em Brasília desde criança, morou durante três anos no Pará, onde viu de perto a cultura da produção e consumo do açaí. Ao voltar à capital federal, na década de 1990, acompanhou seus filhos adolescentes embarcarem na moda do açaí. “Mas o que eles tomavam era uma espécie de mistura. Então, decidi mostrar o verdadeiro açaí, quando comecei a plantação”, conta. Hoje, ela possui 4,5 hectares onde os açaizeiros são cultivados e processados.
A chácara de Aida, no Núcleo Rural Boa Vista (região administrativa da Fercal), recebeu na última semana a visita de aproximadamente 50 participantes do 1º Workshop Sobre o Manejo da Cultura do Açaí em Terra Firme na Ride, promovido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Embrapa e Emater-DF. A atividade faz parte da Rota da Fruticultura, um projeto do governo federal para aumentar a produção de frutas no Distrito Federal e no Entorno.
O instrutor do workshop, o pesquisador João Tomé de Farias Neto, da Embrapa, desenvolveu duas cultivares de açaí selecionadas para terra firme: a BRS pará e a BRS pai d’égua. “São plantas que demandam bastante água, mas conseguem ser produtivas durante o ano todo”, relata a produtora Aída.
A maior dificuldade, no entanto, é o processamento do palmito para o consumo. “São necessários, no mínimo, quatro trabalhadores, em um processo bastante complexo”, detalha a engenheira-agrônoma Clarissa Campos, do escritório da Emater-DF em Sobradinho. “Não temos trabalhadores capacitados na região, e esse é um dos desafios que estamos estudando no âmbito da Rota da Fruticultura”.
As variedades de açaí cultivadas na propriedade de Aida começam a produzir frutos depois de quatro ou cinco anos. A sugestão da Embrapa é que os agricultores cultivem o açaí de forma consorciada com outras culturas, aproveitando também a irrigação. É possível plantar, de forma intercalada, ou em consórcio com o açaí, hortaliças, bananeira, mamoeiro, abacaxizeiro, maracujazeiro, mandioca, graviola, milho, feijão, soja, cacau, arroz, trigo, forrageiras, entre outras espécies.
*Com informações da Emater-DF